DEPÓSITO DE GÉNEROS: O cabo Lage na sua leitura de romances policiais para matar o tempo e eu à espera não sei do quê ... O tempo teimava em passar e agora num ápice estamos 40 anos mais velhos.
ao meio-dia o pessoal da Companhia fazia a formatura para o almoço. Mas primeiro o oficial de dia tinha de provar a comida numa pequena travessa em inox, que continha sopa, o prato principal, pão e uma peça de fruta ou vinho.
A pequenada do Kimbo à espera das sobras do almoço para eles e para a família. Estes miúdos passavam a maior parte do tempo no quartel e às vezes com o Administrador local. Já falavam a nossa língua ao contrário dos outros nativos de raça Ganguela.
Sentado nos sacos de cereais e ao lado do concentrado de tomate. A alimentação provinha quase toda de alimentos enlatados e secos como os desidratados, feijão, grão, massas, arroz. Tínhamos uma horta perto do rio onde plantámos couves, alfaces e outros vegetais. Lembro-me de ter comprado numa loja em Setúbal, quando vim de férias, uns pequenos sacos de sementes para cultivar lá.
Eu e o Lage em frente à recém chegada câmara frigorífica que nunca chegou a ser utilizada por falta de energia eléctrica a tempo inteiro. Foi pena porque teria sido muito útil derivado à quantidade de carne de caça que conseguíamos quase todas as semanas.
O padeiro, o saudoso Virgílio, falecido há uns 12 anos, na preparação do forno para cozer o pão. O segredo estava numa temperatura adequada à sua cozedura, já que a matéria prima era de boa qualidade e Virgílio era muito competente, um bom alentejano da zona de Santiago do Cacém.
O Pires a preparar uma boa feijoada para o jantar do rancho geral. Era um dos pratos mais apreciados, não fosse uma grande maioria composta por nortenhos, mais pròpriamente transmontanos. Às vezes a ementa constava de peixe frito com arroz de tomate e quem não se lembra dos estilhaços de frango com esparquete. Também havia o famoso Bacalhau com todos. Um prato baptizado pela Companhia 305 era o Bife à Quirungosa (bife de carne de caça, batata frita e ovo a cavalo.
O soldado negro com o penso na cara é um primo em primeiro grau do famoso jogador do Vitória de Setúbal de nome Jacinto João, o JJ que punha os olhos em bico aos defesas das equipas adversárias. Ao fundo e à espera do fim da refeição estão os miúdos do Kimbo à espera que lhes dêem as sobras da comida para eles e também para levarem para os irmãos.
Durante o almoço o padeiro Virgílio distribuía um pão por cada militar que duraria até ao pequeno almoço do dia seguinte. Ao seu lado com o prato na mão está o quarteleiro "Silva" e mais atrás com a bóina na cabeça encontra-se o cabo enfermeiro Deodato.
O Virgílio e os seus ajudantes nativos Ganguelas já com os pães formados para irem ao forno a cozer.
O condutor Teixeira em mais um carregamento de lenha para as cozinhas e forno do pão. Quando necessário era formado um piquete para a recolha de lenha para a Companhia.
Na Messe de Sargentos: furriéis Araújo, Leitão e Fernando Ferreira.
Nós tínhamos uma pequena cozinha separada da do Rancho Geral e o cozinheiro era um Ganguela nativo de nome Domingos (nós chamávamos de Domingué...
O furriél Agostinha era um adorador de massas. Batia-se com um prato cheio de esparguete com molho de tomate e não bebia álcool, só sumos. Todos os dias à hora do almoço ele queria que tomasse-mos um comprimido para evitar o paludismo (malária).
A trabalhar no meu escritório que ficava na traseira da secretaria dos primeiros sargentos e perto do gabinete do Capitão Santos. Era ali que elaborava as ementas das refeições e os mapas da contabilidade para apresentar ao Comando Militar da Intendência em Luanda. O supervisor era o Sargento Neto que parece-me tê-lo reconhecido uns anos mais tarde no Metro em Lisboa.
Já que a arca frigorífica não funcionava servia para pendurar o bacalhau que tinha vindo húmido de Serpa Pinto e assim podia secar melhor. Nunca cheguei a saber quem molhava o bacalhau, se era na Manutenção Militar em Serpa Pinto ou os camionistas do MVL, para compensar o que eles comiam na viagem.
Eu era o mais branco mas às vezes os ajudantes do Virgílio de tanta farinha que tinham no corpo pareciam mais cabritos que negros.
Eu era o vaguemestre, responsável pelo Rancho Geral e tudo o que tinha a ver com a alimentação de toda a Companhia.
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